segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Tirando a poeira

Papéis na gaveta, cartas no armário e montanhas de revistas. Esse foi o conjunto de coisas que aparecem em uma pequena reforma no apartamento. Sem contar as fotos, pilhas velhas, cabos esquecidos e aqueles brincos largados há, no mínimo, uns dois anos. Algumas coisas olhamos e pensamos: pra quê mesmo? Mas outras nosso cérebro insiste em soltar um suspiro e trazer uma leva de recordações que viriam à tona de qualquer jeito, mas a gente pensa que aquele pedacinho de coisa guardada é essencial para isso.

Lá no ginásio/colegial, minha escola fazia uma coisa que chamava “Semana da correspondência”, na qual os alunos enviavam cartas uns para os outros em caixas de correio que ficavam no próprio pátio. “Paquerinhas”, amizades eternas - que acabaram em alguns meses, elogios e fofocas. Tudo ali numa caixa empurrada no fundo da minha escrivaninha. Nem lembrava que tinha guardado aquilo. E de repente vi uns sete anos de pessoas que passaram por mim. E por mais que sabia que aquilo era um monte de papel que nem lembrava que estava ali, eu simplesmente a empurrei de volta para dentro e resolvi deixar ali por mais algum tempo.

Não que não esteja preparada para me livrar disso, mas é porque resolvi guardar aquele pouquinho de passado no meu armário para daqui uns anos lembrar de novo do que já vou ter esquecido. Resolvi deixar ali um pouquinho daquele tempo que a prova de quarta-feira era minha preocupação máxima. Resolvi que aquelas cartas mesmo sendo passado mereciam um espaço no meu presente. Acho que é esse o real motivo das coisas que nos fazem suspirar ficar em casa. Elas ainda merecem um espaço no presente, por mais que já consagraram sua vaga no passado.

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